quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A novidade que veio dar na praia








Ao meio da manhã ecoou pela areia o grito estridente dum berrante.Era isso mesmo, um berrante legítimo, daqueles que vemos nos filmes e nos documentários sobre os boiadeiros em suas lidas com o gado, mas não estou nem perto de tais regiões então, o que faz um som destes à beira-mar? Com mais uns passos a frente descobri o tocador de pé no calçadão em frente ao mar tocando seu berrante a plenos pulmões inflados pela euforia da paisagem.A cada soprada no instrumento ele tomava fôlego sorrindo pro imenso azul do cenário.Sorri também, discretamente.Percebi o entusiasmo daquele vaqueiro turista desfrutando a vista e o lugar e, achei muito interessante a maneira que ele usou para expressar sua alegria tocando seu berrante, objeto próprio e familiar.Ele estava feliz e não escondia isso, ao contrário, declarava aos quatro ventos o quanto era maravilhoso aquele momento que vivia.Lembrei-me nesse instante dum trecho dito/escrito por Quintana:"...Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável[...]", como o toque do berrante à beira-mar.

Tudo o que vivemos imprime em nós uma marca, nos transfere de um lugar para outro, de um tempo agora para um antes ou depois, nos resgata, nos renova ( quando deixamos), nos desfolha, nos revela e algumas vezes nos traduz, porém em cada uma permanece os sentimentos florescidos nela que rebrilharam durante o acontecido e também após, muito após e, o mais incrível é que estas marcas podem ser avivadas por uma palavra, uma música, um aroma, um som...como o grito dum berrante na praia.



"Vai boiadeiro que a noite já vem,
Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem[...]"



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Imagem: terra.com

16 comentários:

  1. Que lindo ,momento presenciaste na beira da praia e quão autêntico foi esse vaqueiro;. Pensei em mim na beira da praia que só faço admirar e agradecer e depois que volto, só fico a sonhar com o retorno,rs bjs, chica e tudo de bom!

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  2. Oi Calu, fico imaginando a cena, parece surreal…
    Cada um é feliz à sua maneira.
    Bjs

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  3. adorei o post, Calu! Imagina que felicidade dessa pessoa ♥
    beijos

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  4. Muito bonito, não só a autenticidade do boiadeiro, mas também o fechamento que você deu ao texto "Tudo o que vivemos imprime em nós uma marca". Verdade.
    O mar exerce um fascínio...
    bjs.

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  5. Boa noite, Calu
    Belíssima cena que eu adoraria presenciar, o êxtase diante do belo e sua manifestação da maneira mais intensa que se sabe. Ser livre de se expressar a seu grado. Tão bom. Feliz, ele. Feliz, você.
    Bj amigo

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  6. Calu, querida, então foram dois presentes lindos hoje, a praia com céu azul e este vaqueiro tocador perdido por estas bandas oceânicas! Que legal, gostaria de ter visto isto!
    Para alguém do interior, ver o mar é mesmo uma enorme alegria, deve ser isso, ele deve ter ficado tão emocionado que a forma que teve de demonstrar esta alegria, foi tocando seu berrante.
    Pra ser feliz basta pouco, esta é a mais pura verdade.
    beijos cariocas

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  7. Oi Calu,
    Como eu gostaria de ter presenciado isto! A emoção, o entusiasmo diante da grandeza do mar só conseguiram ser traduzidos no toque potente do berrante. Fico aqui imaginando a "conversa" do som das ondas do mar com o produzido pelo berranteiro. Deve ter sido uma alegria só!
    Bjs.

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  8. Calu querida,

    Eu acho tão bonito o som do berrante rs...
    Aqui em SP, só o som de buzinas e palavrões credo rs....

    bjokas =)

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  9. O som de berrante é muito legal. Eu já tentei tocar, mas não obtive muito sucesso, risos. Deve ter sido algo maravilhoso. Obrigada pela sua visita. Beijinhos.

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  10. Muito legal, isso
    Gostaria de ter presenciado também, Calu
    Obrigada pela sua visitinha e gentil comentário
    Fique bem, querida
    Beijinhos de
    Verena e Bichinhos

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  11. Oi, Calu! Imagino as sensações que o tocar do berrante em um lugar improvável e inesperado deve ter provocado. Seu texto casa muito bem com o meu, indicarei como leitura complementar... trata da essência que carregamos e sempre merece respeitos. das memórias de vida impressas na alma que são lindas quando as deixamos florescer assim, espontaneamente. Um abraço!

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  12. Que linda imagem nos relatou e transportou em poesia. bjs querida.

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  13. Bem Calu, meu tio tinha um e cresci com esse instrumento do boideiro, assim como o trem apita levando gente pelas estradas, assim apita o boiadeiro tocando gado! Aqui, no dia de São José, o coral canta as músicas próprias da missa, mas com viola, som sertanejo puro e o berrante junto! Eu me arrepio inteirinha. Mas imaginá-lo de frente para o mar... muito interessante.Momento inusitado esse! Abraços!

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  14. O inusitado berrante na praia. O inusitado sempre nos chama a atenção. Li o texto da Bia e vim aqui completar a leitura. Perfeitos!
    Uma bela semana pra vc!
    Beijos

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  15. Ele chamava os peixes? Muito maluca essa situação e deve ter sido diferente presenciar! bjs,

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  16. Nossa, deve ter sido um momento muito peculiar e engraçado. Mas tb serviu pra reflexão. Bacana. bj

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!