sábado, 26 de outubro de 2013

História Viva - Meu Colégio




Lendo a crônica do Arthur Dapieve no jornal ( link) , revisitei um sentimento conhecido e que neste mês de outubro reacendeu forte: a saudade dos tempos de colégio.Em mim, mesclam-se os tempos de estudante aos de professora, guardadas as devidas proporções, mas abertas as merecidas lembranças boas.Claro, que não só, porém, são elas, as boas lembranças, a esmagadora maioria que trago cuidadinha na memória afetiva.

Conta-nos o cronista de seu desalento ao passar pela rua de seu antigo colégio e deparar-se com um muro de tapumes circundando onde antes era o prédio da instituição na qual estudara desde a infância até a juventude e que agora escondia um terreno baldio em preparativos para a construção de um hotel.Diante da crua realidade do voraz mercado imobiliário, ele declara:__" Fiquei transtornado,sim, porque uma coisa é saber, outra bem distinta é sentir." 

E foi bem nesse ponto final que eu assenti em total concordância com o autor.Como ele, fiquei sabendo há mais de uma década sobre o abandono que assola o prédio do pavilhão principal do meu querido Colégio Brasil.Uma instituição tradicional na cidade que atravessou quase todo o século passado educando e formando com excelência seus alunos e alunas.Suas instalações no antigo Solar do Barão de Icaraí, se estendiam por uma área privilegiada da alameda São Boaventura.Eram três enormes pavilhões cortados por pátios igualmente enormes, três quadras esportivas, dois campinhos de futebol, parquinhos pros pequerruchos e, ainda uma alameda frondosa salpicada de bancos debaixo das árvores.As salas eram arejadas, assoalho de madeira, lustres pendentes; uma atmosfera do século XIX cheia de burburinho infanto-juvenil que lhe dava vida pulsante. 





( pavilhão central  e um dos pátios superiores)





( frente do mesmo pavilhão_ janelas da minha sala do 4º ginasial) 




De todo complexo só sobrou este pavilhão, última testemunha de décadas de histórias vividas.Ao longo dos últimos dez anos foram feitos dois abaixo-assinados pedindo o tombamento do pavilhão-central, afinal, além da importância e significação na vida de muitos niteroienses, o prédio é confirmadamente uma representação da arquitetura neoclássica do século XIX.Uma polêmica disputa de interesses emperra o tombamento e consequente restauração do local num espaço cultural sem fins lucrativos.Perceberam o porquê da morosidade, não?




( atual situação do interior do pavilhão) 



Enquanto inúmeros ex-alunos e professores lutam junto aos órgãos competentes da cidade para reverter esta triste situação, podres poderes conspiram para a derrubada sumária desta parte da história educacional da cidade, o que me causa revolta.Me dói ver tais fotos deste educandário que foi minha segunda casa dos 5 aos 18 anos de idade.Como eu, muitos(as) atravessaram fases da vida entre estas paredes altivas que ressoam até hoje as vozes estudantis por seus corredores e alas.Sem apelos saudosistas não podemos nos esquecer que somos seres históricos constituintes duma história pessoal e social da qual fizemos/fazemos parte. 




( eu- a terceira da esquerda p/direita; 1ªfileira de baixo p/cima) 

















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Imagens: minhas 
orkut


13 comentários:

  1. Calu, essas coisas mexem conosco mesmo!

    Imagino a sensação ao ver teu colégio onde taaaaaaaaaaaaaaantas deves ter passado, aprendido e "aprontado", de repente acabar assim esquecido, descaracterizado. Uma lástima!

    Parece um pedaço de vida assim abandonado e destruído. Ainda bem,guardas lindas fotos e muitas recordações que essas, o tempo não te tira! um beijo e como sempre gostei de te ler! chica

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  2. Calu que delícia reviver estas lembranças.
    Tomara mesmo a triste situação se reverta porque é história, preservação.
    Sabe que me deu uma vontade agora de visitar o colégio onde estudei? Não estou tão longe assim dele. Quem sabe?!
    Beijo

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  3. Ah cara amiga, como dói ver este abandono de um lugar que tinha tanta vida, tantas vozes infantis alegres e onde a educação era a força motriz de tudo!
    Infelizmente, tem sido assim em nosso estado, nossos governantes são pessoas sem lastro, sem noção do quanto a história deve ser preservada e que não deveria jamais entrar em jogos políticos para destruir algo assim tão importante para tantos e belo de recordações.
    O meu querido colégio da infância continua lá, funcionando, mas não tem mais aquele charme dos anos 50/60, tão mal tratado até nos muros.
    Você ainda ter sorte de ter estas fotos para lembrar este passado glorioso, que legal!
    um beijinho carioca


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  4. Amiga, olá!
    Sensibilidade devia ser seu sobrenome. Ou será que é, hein?
    Pois bem, falando em sobrenomes, Nostalgia é um dos meus(rs).

    A E.E.P.G. Fabiano Alves de Freitas foi minha escola no ensino secundário, na minha terrinha natal Ituverava (interior de SP)... Calu, querida, que saudades tenho daquele tempo. Dos amigos que fiz, dos professores que tive, da tia Neguinha que era a inspetora e a pessoa mais doce e dedicada que já conheci... Pronto, já estou chorando aqui... não tem jeito!
    Foram anos incríveis... tão incríveis que são impossíveis de descrever em palavras, sabe?
    Incríveis e inesquecíveis.
    Sabe, pode parece estranho, mas evito passar lá perto por um motivo que se assemelha ao seu e ao do cronista que vc mencionou. Na realidade, ela não está destruída. De qquer forma, menos mal, não é msm?
    Mas o fato de ter tido toda sua fachada pintada de outra cor totalmente diferente me desperta um tipo de medo de ficar olhando pra ela e perder a imagem dela que trago na memória (e no coração), não sei se me entende.
    Calu, ela era toda verde-bandeira. Hj está pintada de um amarelo meio bege.

    Enorme saudades daquele tempo... daqueles corredores que foram testemunha das minhas brincadeiras e correrias... Sabe, em modéstia parte, sempre fui uma excelente aluna e amava estudar!
    Ainda me lembro da minha primeira cartilha, a "Caminho Suave".

    Uma linda semana pra vc e obrigada por esse momento. Sempre!

    Deus abençoe!
    Bjs!!!
    Karin Filgueira
    BLOG: - Meu Doce Lar

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  5. Olá Calu, tudo isso também me faz doer o coração, porque encerra todo um percurso de aprendizagem, amizades e muitos outros sentimentos que fazem parte da História e Património que deveriam ser perseverados. Essa situação faz-me lembrar a exigência do governo português em encerrar a Grande Maternidade Alfredo da Costa no centro Lisboa (um edifcíco belísismo ) onde nasceram milhares de portugueses. Aqui é para transformar em hotel, diz-se. Nem dá para comentar. Tem sido uma luta...Que Deus ilumine os “poderosos”. Beijinhos e bom domingo. Ailime

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  6. Calu,

    Desejo que tudo se resolva, e um esse patrimônio seja restaurado e preservado.
    Ninguém conseguirá derrubar as paredes das memórias de quem passou por esse lugar.
    Pelas fotos antigas, dá pra imaginar quantos sonhos foram traçados por essas paredes e aprendizados.
    Uma época que nos trás lindas lembranças, e ao mesmo tempo, uma saudade inexplicável.
    Uma linda semana! Beijos

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  7. Olá, querida amiga Calu
    Há 3 anos, revi meu colégio onde estudei o ginásio e normal... foi maravilhoso!!!
    Encontrei-me com as antigas alunas que não via há 40 anos... Foi uma farra medonha!!!
    Gostei do seu post pois gosto de recordar só coisas boas...
    Valeu!!! Recordar é viver!!!
    Bjm de paz e bem

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  8. Puxa, Calu, que lugar incrível! Fico abismada como pode interesses travarem o sistema burocrático e deixarem que o tempo destrua uma arquitetura tão bela - fora os que desejam derrubá-la. Estudei em um colégio parecido aqui em minha cidade, no antigo 2º grau, mas ele sempre recebe reformas e continua intacto. Sou apaixonada por essa arquitetura fantástica com pé direito alto. E você, que linda, é aquela do cabelão, né? hahaha. Um abraço!

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  9. Que linda recordação....tem mesmo que ser imortalizada....

    []s

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  10. Lindo o colegio Callu,parece ate de pais Europeu...
    Tomara que seja preservado...
    Detesto muita modernidade,tem que ter mais lugares assim.
    Beijo e linda semana
    decorehouse

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  11. Que vazio Calu.
    Coisas dos podres poderes que nada entendem de memórias.
    Lamentabel amiga.
    Uma ação em conjunto como a descrita muitas vezes dá bom resultado.Naa torcida pela preservação.
    Uma boa semana a voce.
    Carinhoso abraço de paz e luz.
    Bjo.

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  12. Olá!Boa noite
    Calu
    eu, também, ao longo da minha vida escolar e acadêmica mantive um relacionamento estreito com as instituições das quais fiz parte. o espaço de tempo que permanecemos nela representa uma parcela bastante significativa do nosso dia e, por conseqüência, de nossas vidas. Os laços no ambiente escolar às vezes duram uma vida inteira mas mesmo os efêmeros deixam lembranças e marcas profundas.E você ainda tem belas fotos, eu perdi a maioria, já! Cabelos longos!
    Os sinais decorrente do desgaste natural das instalações e somadas à minimização do Estado...e para nós , a triste constatação de ver o abandono de um lugar que tinha tanta vida, tanta coisa para contar , cada pedacinho dele na memória, e ainda temos que evidenciar o descaso com o patrimônio , frente aos interesses (?) e confrontos políticos e econômicos ligados ... uma pena!...
    Melhoras da virose, hein?
    Agradeço!Cuide se bem!Fique se bem! Deus te abençoe!
    Bela semana
    Beijos

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  13. Oi Calu... É tão bom reviver, poder visitar nossa escola da infância. Fiquei triste por você. Esse post é belíssimo, tanto pela cultura quanto pela história de vida que você compartilhou conosco. Do quintal de casa vejo a escola que estudei, e quando passo em frente sinto uma nostalgia sabe, me vejo nos diversos momentos que ali vivi..
    Ler o que você escreveu também me remeteu a esse passado gostoso, apesar da sua tristeza.
    Beijos.

    Bye da Pah
    Livros Estrelas

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!